Florística, diversidade e estrutura horizontal e vertical de uma área de vegetação arbustiva aberta numa planície arenosa costeira do Espírito Santo, sudeste do Brasil

Autores

  • Rafael D Thomazi Universidade Vila Velha
  • Ary G Silva Universidade Vila Velha

Resumo

As formações arbustivas abertas nas restingas brasileiras apresentam, geralmente, aspecto de mosaico, devido à distribuição da vegetação em moitas, produzindo descontinuidades na paisagem quanto à cobertura, fisionomia e/ou composição florística. No Espírito Santo, as formações vegetais abertas têm sido analisadas segundo diversas metodologias, incluindo o intercepto de linha, o método de pontos e de parcelas. O método de parcelas tem sido mais freqüentemente utilizado na descrição das florestas, ou mesmo nas formações herbáceas entre as moitas. O presente estudo teve como objetivo levantar evidências florísticas e estruturais a partir da formação arbustiva aberta da APA de Setiba, região adjacente ao Parque Estadual Paulo César Vinha - PEPCV, que suportem a ampliação dos limites do parque. A comunidade de restinga analisada nesse estudo é caracterizada pela fisionomia arbustiva aberta inundável e não inundável. Foram amostrados 4224 indivíduos distribuídos em 65 espécies subordinadas a 56 gêneros e 33 famílias. As famílias com maiores valores de VI foram Cactaceae (25,96%), Bromeliaceae (18,78%) e Burseraceae (8,03%), compreendendo 52% do VI total. Pilosocereus arrabidae apresentou maiores valores para quase todos os parâmetros estruturais calculados, sendo exceção apenas DoR que foi liderada por Protium icicariba. Os índices de diversidade e a equitabilidade estrutural apresentaram valores semelhantes ao encontrados para formações florestais, ficando acima dos valores encontrado para formação arbustiva. A distribuição dos indivíduos em classes de altura evidenciou uma estratificação definida pelos componentes arbustivo e herbáceo. Os elevados índices de diversidade e equitabilidade (3,298 nats/ind; 0,79), a presença de espécies ameaçadas de extinção e a proximidade pressão urbana justificam a inclusão da área nos limites do PEPCV.

Palavras-chave:

biodiversidade, restinga, Quaternário, Mata Atlântica

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Biografia do Autor

Rafael D Thomazi, Universidade Vila Velha

Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ecossistemas; Universidade Vila Velha - UVV.

Ary G Silva, Universidade Vila Velha

Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ecossistemas; Professor Titular VI, bolsista de Produtividade FUNADESP; Universidade Vila Velha - UVV.

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Publicado:

2014-01-01

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Como Citar

Thomazi, R. D., & Silva, A. G. (2014). Florística, diversidade e estrutura horizontal e vertical de uma área de vegetação arbustiva aberta numa planície arenosa costeira do Espírito Santo, sudeste do Brasil. Natureza Online, 12(1), 11–18. Recuperado de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/180

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