A importância da Reserva Natural Vale para a conservação das florestas tropicais nativas do Norte do Estado do Espírito Santo, Brasil
Resumo
As florestas do norte do estado do Espírito Santo que se distribuem ao longo do vale do Rio Doce têm sofrido historicamente com a devastação. Em meio a esse cenário, nos anos 50, a então Companhia Vale do Rio Doce, atualmente Vale S.A., iniciou a compra de terras no município de Linhares, para a formação de um estoque madeireiro para a produção de dormentes. Este projeto foi modificado em sua concepção original para consolidar hoje a Reserva Natural Vale, com uma área aproximada de 22.711 ha. Uma vez que o Brasil se inseriu no projeto internacional para preservação das florestas tropicais, a área da Reserva ampliou sua importância para a conservação ao compor um dos dez Corredores Ecológicos prioritários para a conservação da Mata Atlântica no Espírito Santo, um estado que tem todo o seu território contido no Corredor Central da Mata Atlântica, um dos 6 grandes Corredores de Biodiversidade priorizados pelo Brasil para a conservação de suas florestas tropicais. Do ponto de vista bioclimático, a existência de um período biologicamente seco e a deciduidade parcial, concentrada nos períodos secos, permite classificar a floresta como estacional semidecídua. No âmbito das florestas de Tabuleiro, a Reserva representa a possibilidade mais concreta de compreensão das conexões florísticas entre as florestas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo que estão sobre a formação Barreiras, bem como permite ampliar a compreensão sobre a grande afinidade florística dessas florestas com a Amazônia que remonta ao período do Pleistoceno Tardio, há cerca de 900.000 anos. A Reserva abriga populações remanescentes de animais importantes para a conservação, como a onça-pintada e o gavião-real e, reitera, portanto, sua importância para o processo de preservação das florestas tropicais, não só no Espírito Santo, mas também para o Brasil e o todo o mundo.
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