Diversidade do sub-bosque e cobertura da serrapilheira em mosaico de Mata de Tabuleiro e Mussununga na Reserva Natural Vale, Linhares, Espírito Santo, Brasil
Resumo
O sub-bosque é a vegetação encontrada no interior de florestas, abaixo dos dosséis, que forma um nicho importante para a vegetação local, especialmente em regiões de Mata Atlântica. Essa vegetação influencia o aporte e degradação da serrapilheira, que por sua vez, determina a disponibilidade de recursos e a biomassa produzida no ambiente. O objetivo do presente trabalho foi avaliar se cobertura da serrapilheira afeta a diversidade do sub-bosque entre Mussununga e Mata de Tabuleiro. Nossa hipótese é que a cobertura da serrapilheira interfere na diversidade do sub-bosque entre a Mata de Tabuleiro e Mussununga. O estudo foi desenvolvido em uma área de Mata de Tabuleiro (19°08’28.9”S 40°04’00.8”W ) e duas áreas de Mussununga (19°08’28.9”S 40°04’00.8”W e 19°09’07.7”S 40°03’39.8”W), todas situadas na Reserva Natural Vale, Município de Linhares, estado do Espírito Santo. Foram coletadas todas as plantas do sub-bosque, com altura entre 0,5 e 2m, , que entraram em contato com o coletor e coletando somente uma amostra por planta. Foram traçados 20 trajetos no interior de uma área de Mata de Tabuleiro e 10 trajetos em duas áreas de Mussununga, sendo que cada trajeto possuía 10m de extensão com 20m de espaçamento entre eles. Dessa forma foi encontrada a riqueza e abundância de morfoespécies (ME) e calculados os índices de Diversidade de Shannon, Jaccard e Equabilidade. Foi confeccionado um grid de 50x50cm, contendo 25 compartimentos de 10x10cm, utilizado para estimar a porcentagem de cobertura da serrapilheira no início e final de cada trajeto. As médias dos valores de cobertura das duas áreas foram posteriormente comparadas através de teste t (software R v3.1.1). Os resultados foram de 93% de cobertura com 44 ME para a Mussununga e 60% de cobertura com 64 ME para a Mata de Tabuleiro. Isso pode ser reflexo de propriedades não quantitativas, mas qualitativas da serrapilheira, como quantidade de lignina nas folhas, razão Carbono/Nitrogênio e compostos tanínicos específicos. Além de características físicas do ambiente, como porosidade do solo e temperatura. Todos esses fatores dificultam a degradação da matéria orgânica e favorecem o acúmulo da serrapilheira por períodos prolongados, mesmo em regiões com vegetação menos diversa.
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