Potencial plástico de Nectandra oppositifolia Nees. (Lauraceae) em fisionomias de floresta ombrófila densa e restinga

Autores

  • Emanoele CD Todorovski Universidade da Região de Joinville
  • João Carlos F Melo Jr Universidade da Região de Joinville
  • Maick W Amorim Universidade da Região de Joinville
  • Maiara M Silva Universidade da Região de Joinville

Resumo

A interação das plantas com diferentes fatores abióticos é tida como precursora de adaptações estruturais ou fisiológicas, sendo a plasticidade o principal meio pelo qual as plantas têm lidado com a heterogeneidade ambiental. Essa complexa resposta dada pela plasticidade fenotípica é importante do ponto de vista ecológico, uma vez que possibilita às plantas experimentarem habitats distintos, explorarem nichos mais ricos em recursos e ampliarem suas possibilidades de distribuição geográfica. Este estudo objetivou avaliar o potencial plástico da espécie Nectandra oppositifolia Nees (Lauraceae) em duas fitofisionomias: Restinga Arbórea e Floresta Ombrófila Densa Alto Montana. Foram analisadas variáveis morfológicas a partir de folhas totalmente expandidas e expostas ao sol, como: peso fresco e seco, espessura e área foliar, área específica foliar e grau de suculência. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas entre todas as variáveis estudadas, especialmente para o peso seco e área foliar, sendo as folhas de floresta portadoras de maiores áreas foliares do que as de restinga. Os maiores índices de plasticidade foram registrados para as plantas de Floresta Ombrófila Densa Alto Montana. Sugere-se que os resultados obtidos estejam relacionados às condições diferenciais de nutrição dos solos e que as respostas plásticas observadas nas populações amostradas representem estratégias que permitem à espécie sobreviver e se desenvolver em razão da heterogeneidade ambiental, ampliando, assim, sua capacidade de explorar recursos e expandir sua distribuição geográfica.

Palavras-chave:

Mata Atlântica, adaptações morfológicas, plasticidade morfológica, esclerofilia

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Biografia do Autor

Emanoele CD Todorovski, Universidade da Região de Joinville

Laboratório de Anatomia Vegetal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade da Região de Joinville – Univille.

João Carlos F Melo Jr, Universidade da Região de Joinville

Laboratório de Anatomia Vegetal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade da Região de Joinville – Univille.

Maick W Amorim, Universidade da Região de Joinville

Laboratório de Anatomia Vegetal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade da Região de Joinville – Univille.

Maiara M Silva, Universidade da Região de Joinville

Laboratório de Anatomia Vegetal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade da Região de Joinville – Univille.

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Publicado:

2015-03-01

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Como Citar

Todorovski, E. C., Melo Jr, J. C. F., Amorim, M. W., & Silva, M. M. (2015). Potencial plástico de Nectandra oppositifolia Nees. (Lauraceae) em fisionomias de floresta ombrófila densa e restinga. Natureza Online, 13(2), 71–76. Recuperado de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/137