Efeito do alagamento sobre o crescimento inicial de Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo (Ipê-rosa)

Autores/as

  • Thyara A Gregório Escola Superior São Francisco de Assis
  • Luana G Gobbo Escola Superior São Francisco de Assis
  • Joseanne F Cardoso Escola Superior São Francisco de Assis
  • Valdir G Demuner Museu de Biologia Mello Leitão
  • Selma A Hebling Escola Superior São Francisco de Assis

Resumen

As matas ciliares ou ripárias são quaisquer formações vegetais às margens de cursos d’água, independente de sua área ou região de ocorrência e de sua composição florística, estando, portanto, sujeitas a alagamentos periódicos ou permanentes. São formações vegetais extremamente importantes em termos ecológicos, sendo essenciais para a manutenção da qualidade da água dos rios e da fauna ictiológica. Muitas espécies crescem naturalmente nas áreas de mata ciliar, mas, essas plantas devem regularmente readaptar seu metabolismo e ciclo de vida modificando a via respiratória de forma a suportar as alterações entre condições aeróbicas e hipóxicas ou até mesmo anóxicas, impostas pelo alagamento. Apesar de sua inegável importância ambiental as matas ciliares têm sofrido uma forte pressão humana em várias partes do Brasil. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da inundação sobre o crescimento inicial de Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo (ipê-rosa) e analisar a possibilidade de utilização dessa espécie em programas de recuperação de matas ciliares. Para isso as plantas permaneceram sob condições simuladas de inundação por três meses, momento em que foram retiradas das condições de inundação e submetidas a mais dois meses de tratamento em solo na capacidade de campo. Foram utilizadas 120 plantas, divididas em quatro tratamentos que incluíram inundação com água parada (AP), inundação com água corrente (AC), solo na capacidade de campo (CC) e controle com rega diária (C). Foram mensurados mensalmente a altura da parte aérea e o diâmetro do coleto. No início e final do experimento foram obtidas as massas da matéria seca da raiz e parte aérea, calculando assim, massa total e razão raiz/parte aérea. Pelos resultados, verificou-se que o efeito da inundação foi maior nas plantas submetidas às condições de (AP) e (AC), onde tanto o crescimento da parte aérea como o diâmetro apresentaram inibição total e parcial respectivamente. Ambos também apresentaram valores nulos para a massa da matéria seca da parte aérea, sistema radicular e massa total. Diferentemente dos resultados descritos, as plantas submetidas aos tratamentos (C) e (CC) mostraram um aumento significativo para os valores referentes ao crescimento em altura, diâmetro do coleto e massa seca. Assim, os resultados indicam que a espécie Tabebuia heptaphylla não tolera períodos de inundação permanentes.

Palabras clave:

mata ciliar, inundação, Tabebuia heptaphylla, tolerância, desenvolvimento

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

Armstrong W, Justin SHFW, Beckett PM & Lythe S (1991) Root adaptation to soil waterlogging. Aquatic Botany 39: 57-73.

Bacanamwo M & Purcell LC (1999) Soybean root morphological and anatomical traits associated with acclimatation to flooding. Crop Science 39: 143-149.

Bartlett RJ & James BR (1993) Redox chemistry of soil. Advances in Agronomy, San Diego, 50: 151-208.

Bona C & Morretes BL (2003) Anatomia das raízes de Bacopa salzmanii (benth.) Wettst. ex Edwall e Bacopa monnierioides (cham.) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquático e terrestre. Acta Botânica Brasílica 17: 155-170.

Botrel R, Oliveira-Filho AT, Rodrigues LA & Curi N (2002) Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo- arbustiva de uma floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica 25: 195-213.

Bradford KJ & Yang SF (1981) Physiological responses of plants to waterlogging. HortScience 16:25-30.

Campos JC & Landgraf PRC (1990) Análise da cobertura florestal das bacias hidrográficas dos rios Cabo Verde e Machado no Sul de Minas. In: XI Congresso Florestal Brasileiro, Campos do Jordão.

CESP, Companhia Energética de São Paulo (1992) Recomposição de matas nativas pela CESP. São Paulo: CESP, pp 1-13.

Chamas CC (1995) Espécies com potencial ornamental da Estação Biológica de Santa Lúcia / Santa Teresa-ES. Monografia de Curso de pós-graduação “Lato Sensu” em Ecologia e Recursos Naturais, do Departamento de Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo.

Chirkova TV (1988) Pathways of adaptation of plants to hypoxia and anoxia. Fiziologiya Rasstenni 35: 393-411.

Costa AM, Goobbi EL, Demuner VG & Hebling SA (2006) O efeito da inundação do solo sobre o crescimento inicial de Schizolobium parahyba (Vell) S.F. Blake, guarapuruvu, Natureza on line 4: 7-13.

Crawford RMM (1989) Studies in plant survival. Blackwell Scientific Publications.

Dantas BF, Aragão CA & Alves JD (2001) Calcio e o desenvolvimento de aerênquimas e atividade de celulase em plântulas de milho submetidas a hipoxia. Scientia Agricola 58: 251-257.

Drew MC (1992) Soil aeration and plant root metabolism. Soil science 4: 259-268.

Gibbs PE, Leitão-Filho HF & Abbot RJ (1980) Application of the point-centred quarter method in a floristic surney of an area of gallery forest at Mogi-Guaçu, SP, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 3: 17-22.

Glinsk J & Stepniewski W (1986) Soil aeration and its role for plants. Florida: CRC Press Inc, pp 228.

Haddad CM, Platzeck CO, Tamassia LFM & Castro FGF (2000) Estabelecimento do capim setária cv. Kazungula em condições de inundação. Scientia Agricola 57: 205-212.

Jackson MB (1985) Ethylene and responses of plants to soil waterlogging and submergence. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto 36:145-174.

Jackson MB & Drew MC (1984) Effect of flooding on growth and metabolismo herbaceous plants. In: Kozlowski TT (Ed) Flooding and plant growth. London: Academic Press, pp 47-128.

Kozlowski TT (1984) Responses of woody plants to flooding. In: Kozlowski TT (Ed) Flooding and Plant Growth. London: Academic Press, pp 129-163.

Kozlowski TT (1997) Responses of woody plants to flooding and salinity. Tree Physiology Monograph 1: 1-29.

Kramer PJ (1983) Water relations of plants. New York: Academic Press, pp146-186.

Leite EJ (2001). Spatial distribution patterns of riverine taxa in Brasília, Brazil. Forest Ecology and Management 140: 257-264.

Levitt J (1980) Responses of plants to environmental stress: water, radiation, salt and other stresses. New York: Academic Press 2: 607.

Lobo PC & Joly CA (2000) Aspectos ecofisiológicos da vegetação de mata ciliar do sudeste do Brasil. In: Rodrigues RR & Leitão-Filho HF (Eds) Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. São Paulo: Edusp/ Fapesp, pp 143-155.

Medri ME, Bianchini E, Pimenta JA, Delgado MF & Correa GT (1998) Aspectos morfo-anatômicos e fisiológicos de Peltophorum dubium (Spr.) Taub. submetida ao alagamento e à aplicação de ethrel. Revista Brasileira de Botânica 21: 153-158.

Moreno MIC & Schiavini I (2001) Relação entre vegetação e solo em um gradiente florestal na Estação Ecológica do Panga, Uberlândia (MG). Revista Brasileira de Botânica 24: 537-544.

Nimer E (1977) Clima e Geografia do Brasil: Região Sudeste. Rio de Janeiro: Fundação IBGE.

Oliveira-Filho AT (1994) Estudos ecológicos da vegetação como subsídios para programas de revegetação com espécies nativas: uma proposta metodológica. Cerne 1: 64-72.

Perata P & Alpi A (1993) Plant responses to anaerobiosis. Plant Science 93: 1-17.

Pezeski SR, Pardue JH & Delaune RD (1996) Leaf gas exchange and growth of flood- tolerant and flood- sensitive tree species under low soil redox conditions. Tree physiology 16: 453-458.

Piedade MTF, Worbes M & Junk WJ (2001) Geoecological controls on elemental fluxes in communities of higher plants in Amazonian floodplains. In: McClain ME, Victoria RL & Richey JE (Eds) The Biogeochemistry of the Amazon Basin. New York: Oxford University Press, pp 209-234.

Ponnamperuma FN (1984) Efects of flooding on soil. In: Kozlowski, TT (Ed) Flooding and Plant Growth. London: Academic Press, pp 10-43.

Redford KH & Fonseca GAB (1996) The role of gallery forest in the zoogeography of the cerrado’s non-volant mammalian fauna. Biotropica 18: 126-135.

Reid DM & Bradford KJ (1984) Effects of flooding on hormonal relations. In: Kozlowski TT (Ed) Flooding and Plant Growth. San Diego: Academic Press, pp 195-219.

Rodrigues RR & Nave AG (2000) Heterogeneidade Florística das Matas Ciliares. In: Rodrigues RR& Leitão Filho HF(Eds) Matas Ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: Edusp/Fapesp, pp 45-71.

Rodrigues TJD, Rodrigues LRA & Reis RA (1993) Adaptação de plantas forrageiras às condições adversas. In: II Simpósio sobre ecossistema de pastagens, Jaboticabal, SP.

Rowe RN & Beardsell DV (1973) Watrelogging of fruit trees. Horticultural Abstracts 43: 533-548.

Saab IN & Sachs MM (1996) A flooding-induced xyloglucan endotransglycosylase homolog in maize is responsive to ethylene and associated with aerenchyma. Plant Physiology 112: 385-391.

Sá JS, Cruciani DE & Minami K (2004) Efeitos de inundações temporárias do solo em plantas de ervilha. Horticultura Brasileira 22: 50-54.

Santos AB, Fageria NK & Zimmermann FJP (2002) Atributos químicos do solo afetado pelo manejo da água e do fertilizante potássico na cultura de arroz irrigado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 6: 12-16.

Silva AR (1986) Tolerância das plantas ao encharcamento. In: I Simpósio sobre alternativas ao sistema tradicional de utilização das várzeas do Rio Grande do Sul, Porto Alegre , RS.

Taiz L & Zeiger E (2004) Fisiologia do estress: deficiência de oxigênio. In: Fisiologia vegetal Porto Alegre: Artmed, pp 635-64.

Tang ZC & Kozlowski TT (1982) Some physiological and growth responses of Betula papyrifera seedling to flooding. Physiology Plantarum 55: 415-420.

Vieira S (1998) Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus.

Cómo citar

Gregório, T. A., Gobbo, L. G., Cardoso, J. F., Demuner, V. G., & Hebling, S. A. (2008). Efeito do alagamento sobre o crescimento inicial de Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo (Ipê-rosa). Natureza Online, 6(2), 91–98. Recuperado a partir de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/423