Estrutura populacional e razão sexual em Ocotea notata (Lauraceae) de uma planície arenosa costeira no sudeste do Brasil

Autores

  • Anneleese C Rangel Universidade Vila Velha
  • Ary G Silva Universidade Vila Velha

Resumo

A Área de Proteção Ambiental de Setiba corresponde à zona de amortecimento do Parque Estadual Paulo César Vinha. Possui cerca de 12.960, sendo que 7.500 hectares são terrestres e o restante em ambiente marinho. Numa formação arbustiva aberta inundável, foi analisada a estrutura e razão sexual de uma população de Ocotea notata, Lauraceae, com objetivo de compreender a dinâmica populacional e responder se o padrão espacial produz indivíduos masculinos e femininos próximos o suficiente para garantir a produção de frutos. Foram lançadas 50 parcelas de 100 m² e 7 parcelas de 16m² perfazendo 5112 m² de área. Para todos os indivíduos amostrados, foram registradas as ordenadas cartesianas de sua localização no espaço amostral. O critério para a inclusão dos indivíduos na amostragem foi o de enraizamento, sendo que foram medidos o diâmetro do caule no nível do solo e a altura de cada indivíduo, ambos na escala em centímetros. Além disso, foram registrados os visitantes florais e a presença de flores e frutos em diferentes estágios de maturação. A espécie é dióica, de hábito arbustivo, e na área amostrada, há predomínio de indivíduos masculinos sobre os femininos, na proporção de 11:1, e os indivíduos adultos apresentam um padrão espacial aleatório. As flores exibem dimorfismo sexual além das estruturas reprodutivas, pois as flores masculinas apresentam o receptáculo plano e nas femininas ele é levemente cônico. Não houve produção de frutos nas flores femininas protegidas da polinização, indicando que a espécie não é agamospérmica. O período de floração compreende de fevereiro a junho e o amadurecimento dos frutos ocorre entre outubro e novembro. As flores são menores que 5mm, de coloração creme, exalam aroma suave e são visitadas por uma guilda de insetos generalistas, entre eles, dípteros da família Shyrphidae, pequenas abelhas das famílias Halictidae e Anthophoridae. Nem todos os indivíduos femininos frutificaram, mas aqueles que frutificaram produziram muitos frutos, provavelmente devido à atividade dos polinizadores, que tendem a se concentrar nas flores num indivíduo, em vez de se dispersarem entre os indivíduos floridos da população. A população encontra-se bem distribuída ao longo das faixas etárias além de apresentar um padrão de distribuição aleatório.

Palavras-chave:

dioicia, entomofilia, polinização, restinga, Lauraceae

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anneleese C Rangel, Universidade Vila Velha

Graduação em Ciências Biológicas; Universidade Vila Velha – UVV.

Ary G Silva, Universidade Vila Velha

Professor Titular V, Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ecossistemas, Bolsista FUNADESP de produtividade em Pesquisa; Universidade Vila Velha – UVV.

Referências

Assis AM, Pereira OJ, Thomaz LD (2004) Fitossociologia de uma floresta de restinga no Parque Estadual Paulo César Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). Revista Brasileira de Botânica 27: 349-361.

Barrett SCH, Yakimawski SB, Field DL, Pickup M (2010) Ecological genetics of sex ratios in plant populations. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences 365: 2549-2557.

Bawa KS (1980) Evolution of dioecy in flowering plants. Annual Review of Ecolog y and Systematics 11: 15-39.

Bawa KS, Perry DR, Beach JH (1985) Reproductive biology of tropical lowland forest trees: sexual systems and incompatibility mechanisms. American Journal of Botany 72: 331-345.

Cervi AC, Brotto ML (2010) Estudo taxonômico do gênero Ocotea Aubl. (Lauraceae) na floresta ombrófila densa no estado do Paraná, Brasil. Dissertação de Mestrado. Curitiba, Universidade Federal do Paraná.

Cesário LF, Gaglianone MC (2008) Biologia floral e fenologia reprodutiva de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) em restinga do Norte Fluminense. Acta Botanica Brasilica 22: 828-833.

Geber MA, Dawson TE, Delph LF (1999) Gender and sexual dimorphism in flowering plants. Berlin, Springer Verlag.

Harper MJ (1977) Population Biolog y of Plants. London, Academic Press.

IEMA (2011) Instituto Estadual de Meio Ambiente. Área de Proteção Ambiental de Setiba, APA-Setiba. Disponível em:<http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp?pagina=16708>. Acesso em: out. 2011.

Klein AS, Zanette VC, Santos R (2007) Florística e estrutura comunitária de restinga herbácea no município de Araranguá, Santa Catarina. Biotemas 20: 15-26.

Krebs CJ (1998) Ecological Methodology. 2 ed. Menlo Park, Addison Wesley Longman.

Lenza E, Oliveira PE (2004) Biologia reprodutiva de Tapirira guianensis Aubl. (Anacardiaceae), uma espécie dióica em mata de galeria do Triângulo Mineiro, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 28: 179-190.

Lenzi M, Orth AI (2004). Fenologia reprodutiva, morfologia e biologia floral de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), em restinga da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Biotemas 17: 67-89.

Lourenço JJ, Cuzzuol GRF (2008) Caracterização de solos de duas formações de restinga e sua influência na constituição química foliar de Passiflora mucronata Lam. (Passifloraceae) e Canavalia rósea (Sw.) DC. (Fabaceae). Acta Botanica Brasilica. 23: 239-246.

Menzel R (2004) Behavioral and neural mechanisms of learning and memory as determinants of flower constancy. In: Chittka L, Thomson JD. Cognitive Ecolog y of Pollination: animal behavior and floral evolution. 2 ed. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 21-40.

Montezuma RCM, Araújo DSD (2007) Estrutura da vegetação de uma Restinga Arbustiva Inundável no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro. Pesquisa Botânica 58: 157-176.

Opler PA, Bawa KS (1978) Sex ratios in tropical forest trees. Evolution 32: 812-821.

Pereira OJ (2003) Restinga: origem, estrutura e diversidade. In: Jardim MAG, Bastos NNC, Santos JUM (ed) Desafios da Botânica Brasileira no Novo Milênio: inventário, sistematização e conservação da diversidade vegetal. Belém: MPEG, UFRA; Embrapa, pp. 177-179.

Primack R, Rodrigues E. 2001. Biologia da Conservação. Londrina, Planta.

Soares TN, Chaves J, Telles MPC, Diniz JAF, Resende LV (2008) Distribuição espacial da variabilidade genética intrapopulacional de Dipteryx alata. Pesquisa Agropecuária Brasileira 43: 1151-1158.

Sousa VA, Hattemer HH (2003) Fenologia reprodutiva da Araucaria angustifolia no Brasil. Boletim de Pesquisa Florestal 47: 19-32.

Publicado:

2013-10-01

Downloads

Como Citar

Rangel, A. C., & Silva, A. G. (2013). Estrutura populacional e razão sexual em Ocotea notata (Lauraceae) de uma planície arenosa costeira no sudeste do Brasil. Natureza Online, 11(4), 196–202. Recuperado de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/265

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 2 3 4 5 6 7