O Impacto das Rodovias Sobre a Biodiversidade de Fauna Silvestre no Brasil
Resumen
A ecologia de estradas é uma ciência mitigadora que aborda características quanto ao tráfego de veículos, arquitetura, malha rodoviária, e densidade das estradas, analisando como estes fatores interferem na dinâmica ecológica, tornando uma discussão relevante para a avaliação da problemática entre empreendimentos rodoviários e seus impactos à biodiversidade. Estima-se que 473 milhões de animais silvestres são atropelados anualmente no Brasil, no qual incluem espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo guará e a onça pintada. Constatou-se que os maiores índices de atropelamento são nos estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Grande do Sul), Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais) e Centro-oeste (Distrito Federal). No Brasil, pesquisas que abordam a ecologia das estradas são recentes, pouco difundidas, mas de vital importância, pois, além de avaliar os impactos provocados por estas vias ao meio ambiente, permitem o desenvolvimento de medidas que possam atenuar seus efeitos sobre a biodiversidade. Portanto, objetivou-se, por meio desta revisão crítica e sistemática de literatura, trazer uma compilação de dados para que se possa compreender e, consequentemente, auxiliar no planejamento, tomada de decisões e mitigação dos impactos das rodovias sobre a diversidade da fauna silvestre. Dentre as formas de mitigação deste impacto incluem-se a realização de campanhas educativas, instalação de placas de sinalização que alertem para possível travessia de animais silvestres, a implantação de corredores ecológicos com cercas direcionadoras que viabilizem de forma segura a travessia dos animais nas vias, e a implantação de redutores eletrônicos de velocidade nos pontos de maior incidência de atropelamentos.
Palabras clave:
Descargas
Citas
Ahern J, et al. (2009) Issues and methods for trans- disciplinary planning of combined wildlife and pe- destrian highway crossings. Transportation Research Record: Journal of the Transportation Research Board 2123 (1): 129-136.
Ament R, Clevenger AP, Yu O, Hardy A (2008) An assessment of road impacts on wildlife populations in U.S National Parks. Environmental Manage- ment 42: 480- 496.
Ascensão F, Mira A (2007) Factors affecting culvert use by vertebrates along two stretches of road in southern Portugal. Ecological Research 22 (1): 57-66.
Arroyave mp, Gómez C, Gutiérrez ME, Múnera DP, Zapata PA, Vergara IC, Andrade LM, Ramos KC (2006) Impacto de las carreteras sobre la fauna sil- vestre y sus principales medidas de manejo. Revista EIA Escuela de Ingeniería de Antioquia 5: 45-57.
Bager A, Rosa CA (2010) Priority ranking of road sites for mitigating wild life roadkill. Biota Neotrop- ica 10 (4): 149-153.
Beckmann JP, Clevenger AP, Huijser MP, Hilty JA (2011) Safe passages: Highways, wildlife and habitat connectivity. Journal of Mammalogy 92 (5): 1140-1141.
Bissonette J, Adair W (2008) Restoring habitat permeability to road landscapes with isometrical- ly-scaled wildlife crossings. Biological Conserva- tion 141: 482-488.
Caceres NC (2011) Biological characteristics of mammals influence road kill in an Atlantic For- est-Savannah interface in south-western Brazil. Ital- ian Journal of Zoology 78 (3): 379-389.
CBEE (2017) Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas. Disponível em: http://cbee. ufla.br/portal/. Acesso em: 22 jul. 2019.
Clevenger AP, CHRUSZCZ B, GUNSON KE (2003) Spatial patterns and factor influencing small verte- brate fauna road-kill aggregations. Biological Con- servation 109 (1): 15-26.
Coffin AW (2007) From roadkill to road ecology: A review of the ecological effects of roads. Journal of Transport Geography 15 (5): 396-406.
Corlatti L, Hacklander K, Frey-Roos F (2009) Abili- ty of wildlife overpasses to provide connectivity and prevent genetic isolation. Conservation Biology 23 (3): 548-556.
Cunha GG, Hartmann MT, Hartmann PA (2015) Atropelamentos de vertebrados em uma área de Pampa no sul do Brasil. Ambiência 11 (2): 307-320.
Deffaci AC, Silva VP, Hartmann MT, Hartmann PA (2016) Diversidade de aves, mamíferos e répteis at- ropelados em região de floresta subtropical no sul do Brasil. Ciência e Natura 38 (3): 1205-1216.
Dornas RAP, Kindel A, Bater A, Freitas SR (2012) Avaliação da mortalidade de vertebrados em rodo- vias. In: BAGER, A (ed.) Ecologia de Estradas: tendências e pesquisas. Lavras: Ed. UFLA, 139-152 p.
ahrig L, Rytwinski T (2009) Effects of roads on an- imal abundance: an empirical review and synthesis. Ecology and Society 14 (1): 1-20.
Fearnside P, et al. (1990) Deforestation rate in Bra- zilian Amazônia. Brasília: Secretaria Nacional de Ciências e Tecnologia, 8p.
Ferreira AHB, Diniz CC (1994) CONVERGÊNCIA ENTRE AS RENDAS PER CAPITA ESTADUAIS NO BRASIL. TESE. UFMG BELO HORIZONTE 25 p.
Figueiredo AP (2017) Novos métodos em Ecologia de Estradas: Correção da heterogeneidade espacial na análise de agregação de atropelamentos de fauna e definição da suficiência amostral. Dissertação (mestrado). Universidade de Brasília. Brasília, Brasil, 118 p.
Forman RTT, et al. (2003) Road ecology: Science and solutions. Island Press: Washington, 481p.
Forman RTT (1998) Road ecology: A solution for the giant embracing us. Landscape Ecology 13 (4): III-V.
Garriga N, Santos X, Montori A, Richter-Boix A, Franch M, Llorente GA (2012) Are protected areas truly protected? The impact of road traffic on verte- brate fauna. Biodiversity and Conservation 21 (11): 2761-2774.
Gaisler J, Řehák Z, Bartonička T (2009) Bat casual- ties by road traffic (BrnoVienna). Acta Theriologica 54 (2): 147-155.
Galetti M, et al. (2009) Priority areas for conserva- tion of the Atlantic Forest large mammals. Biological Conservation 143 (6): 1229-1241.
Grilo, CA (2012) Rede viária e a fauna – Impactos, mitigação e implicações para a conservação das es- pécies em Portugal. In: BAGER, A (Ed.). Ecologia de Estradas: Tendências e pesquisas. Lavras, MG: Editora UFLA, 35-57 p.
Hansbauer MM, et al. (2008) Movements of neotrop- ical understory passerines affected by anthropogenic forest edges in the Brazilian Atlantic rainforest. Bio- logical Conservation 141 (3): 782-791.
Harison S (1991) Local extinction in a metapopu- lation context: an empirical evaluation. Biological Journal of the Linnean Society 42 (1-2): 73-88.
Harrison S (1991) Local extinction in a metapopu- lation context: an empirical evaluation. Biological Journal of the Linnean Society 42, n. 1-2, p. 73–88. IUCN (2014) International Union of Conservation of Nature. Disponível em: http://www.iucn.org/. Acesso em: 16 set. 2019.
Jordano P, et al. (2006) Ligando Frugivoria e Dispersão de Sementes à Biologia da Conservação. In: Duarte, C.F., et al. Biologia da conservação: essências. São Paulo: Editorial Rima, 411-436 p.
Jones, DN (2010) Safer, more permeable roads: Learning from the European approach. Brisbane, Environmental Futures Centre, Griffith University. Disponível em: http://www.treat.net.au/projects/Saf-er_more_permeable_roads.pdf. Acesso em: 21 jul. 2018.
Jones DN, Bakker M, Bichet O, Coutts R, Wearing T (2011) Restoring habitat connectivity over the road: Vegetation on a fauna land-bridge in south-east Queensland. Ecological Management & Resto- ration 12 (1): 76-79.
Keller I, Excoffier L, Largiadèr CR (2005) Estima- tion of effective population size and detection of a recent population decline coinciding with habitat fragmentation in a ground beetle. Journal of Evolu- tionary Biology 18 (1): 90-100.
Laurance WF, Goosem M, Laurance SGW (2009) Impacts of roads and linear clearings on tropical for- ests. Trends in Ecology and Evolution 24: 659-669.
Laurance SGW, Stouffer PC, Laurance WF (2004) Effects of Road Clearings on Movement Patterns of Understory Rainforest Birds in Central Amazonia. Conservation Biology 18 (4): 1099-1109.
Lima KCB (2013) IMPACTO DE ESTRADAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BRASIL. Monografia. Universidade Federal de Lavras - Lavras- MG – Brasil 94 p.
Maia ACR (2013) EFEITOS MARGINAIS DE RODOVIAS EM MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE. Dissertação (mestrado), Univer- sidade Federal de Lavras, Lavras-MG, Brasil.
Maia ACR, Bager A (2013) Projeto Malha. Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas. Disponível em: http://cbee.ufla.br/portal/imgs/images-CMS/publicacao/pdf/11.pdf. Acesso em 21 jul. 2018.
Martinelli MM, Volpi ta (2011) Mamíferos atrope- lados na Rodovia Armando Martinelli (ES-080), Es- pírito Santo, Brasil. Natureza online 9 (3): 113-116.
Metro Jornal (2016). Só em MG, cerca de 35 milhões de animais são atropelados por ano. Belo Horizonte. Disponível em: http://www.naturezaonline.com.br. Acesso em: 26 mai. 2019.
Michalski F, Peres CA (2005) Anthropogenic deter- minants of primate and carnivore local extinctions in a fragmented forest landscape of southern Amazonia. Biological Conservation 124 (3): 383-396.
Oliveira PAS, Sousa EF, Silva FB (2017) Levantamento de animais vertebrados vítimas de atropelamentos em trechos das rodovias MG-223, MG-190 E BR-352. GETEC 6 (14): 128-148.
Pereira LAG, LESSA SN (2011) O processo de plane- jamento e desenvolvimento do transporte rodoviário no Brasil. Caminhos de Geografia 12 (40): 26-46.
Perz SG, Caldas M, Arima EY, Walker R (2007) Un- official road building in the Amazon: socioeconomic and biophysical explanations. Development and Changes 38 (3): 529-551.
Peres CA (2001) Synergistic Effects of Subsistence Hunting and Habitat Fragmentation on Amazonian Forest Vertebrates. Conservation Biology 15 (6)1490-1505.
Ramos-Abrantes MM, et al. (2018) Vertebrados silvestres atropelados na rodovia BR-230, Paraíba, Brasil. PUBVET 12 (1): 1-7.
Rosa CA (2012) EFEITO DE BORDA DE RODO- VIAS EM PEQUENOS MAMÍFEROS DE FRAG- MENTOS FLORESTAIS TROPICAIS. Dissertação (mestrado), Universidade Federal de Lavras, Lavras– MG, Brasil.
Renctas (Rede Nacional Contra o Tráfico de Animais Silvestres) (2001). 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre. Disponível em: http://www.renctas.org.br/pt/trafico/default.asp. Acesso em: 08 dez. 2018.
Renctas (Rede Nacional Contra o Tráfico de Animais Silvestres) (2007). Vida silvestre: o estreito limiar entre preservação e destruição. Diagnóstico do tráf- ico de animais silvestres na Mata Atlântica: Corredores Central e Serra do Mar. Disponível em: http://www.renctas.org.br/wp-content/uploads/2014/10/livro-renctas-final.pdf. Acesso em: 08 dez. 2018.
Rezzadori T, Hartmann MT, Hartmann PA (2016) Proximidade de rodovias pode influenciar a fragmentação florestal? Um estudo de caso no norte do Rio Grande do Sul. Biotemas 29 (3): 21-28.
Schonewald-Cox C, Buechner M (1992) Park pro- tection and public roads. In: Conservation Biology - The Theory and practice of nature conservation, preservation and management. London.
Silva RM, Borba CHO, Leão VPC, Mineo MF (2011) O impacto das rodovias sobre a fauna de vertebra- dos silvestres no cerrado mineiro. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer 7 (12): 1-9.
Slater FM (2002) An assessment of wildlife road ca- sualties - the potential discrepancy between numbers counted and numbers killed. Web Ecology 3: 33-42.
Souza VE, Villa JP, Oliveira JS, Schallemberger LF, Buriol GA, Domingues AL (2017) Animais atropela- dos em um trecho da rodovia BR-158, região central do Rio Grande do Sul. Disciplinarum Scientia 18 (2): 265-276.
Steffen W, et al. (2011) The Anthropocene: from global change to planetary stewardship. Ambio 40: 739-761.
Stolle F, Chomitz KM, Lambin EF, Tomich TP (2003) Land Use and Vegetation Fires in Jambi Province, Sumatra, Indonesia. Forest Ecology and Manage- ment 179 (1-3): 277-292.
Trombulak SC, Frissel CA (2000) Review of ecolog- ical effects of roads on terrestrial and aquatic com- munities. Conservation Biology 14 (1): 18-30.
Van Wieren SE, Worm PB (2001) The use of a mo- torway wildlife overpass by large mammals. Nether- lands Journal of Zoology 51 (1): 97-105.
Zannin PHT, Calixto A, Diniz FB, Ferreira JAC (2003) A Survey of Urban Noise Annoyance in a Large Brazilian City: The Importance of a Subjective Analysisin conjunction with an Objective Analysis. Environmental Impact Assessment Review 23 (2):245-255.
Cómo citar
Licencia
Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.