Levantamento etnobotânico da coleção de plantas medicinais do Jardim Botânico do Recife, PE

Autores/as

  • George A L Cabral Universidade Federal Rural de Pernambuco
  • Jefferson R Maciel Jardim Botânico do Recife

Resumen

A natureza tem sido fonte de recursos medicinais por milhares de anos e um grande número de compostos medicinais tem sido isolado a partir das plantas. O uso das plantas medicinais sempre esteve presente ao longo da historia da humanidade, e permanece até os dias de hoje, fazendo parte da cultura de diferentes comunidades populacionais. O uso de plantas medicinais também tem importante impacto socioeconômico, já que a utilização dessas espécies, na maioria das vezes nativa da sua região, ou cultivadas em seu quintal, pode reduzir os gastos com medicamentos sintéticos. Algumas famílias brasileiras principalmente de baixo poder aquisitivo, geralmente têm em casa crianças e idosos, e a aquisição destes medicamentos sintéticos constituem um item muito pesado no orçamento doméstico. A coleção de plantas medicinais do Jardim Botânico do Recife contém espécies nativas e exóticas da flora brasileira, empregadas na terapia de diversos tipos de patologia pela humanidade em várias formas farmacêuticas, como chás, xarope, alcoolatura, unguento, cápsulas, sumo, tinturas e pomadas. Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento etnobotânico das espécies presentes na coleção de plantas medicinais do Jardim Botânico do Recife, para uma efetiva catalogação das suas espécies, reconhecendo sua identidade biológica (identificação taxonômica), origem e características etnobotânicas terapêuticas (indicação de uso proveniente do conhecimento tradicional). O levantamento das espécies presentes na coleção foi realizado através da coleta e identificação dos indivíduos presentes nos canteiros entre os meses Fevereiro e Março de 2011. A identificação foi feita com auxílio de chaves de identificação taxonômica e comparação com a literatura especializada. Após o levantamento das espécies, foi realizado registro fotográfico das mesmas. As espécies foram caracterizadas de acordo com suas atribuições etnobotânicas terapêuticas, família, local de origem e nome vulgar. Estas características foram conferidas a partir de consulta a bibliografia especializada. Foram identificadas 44 espécies pertencentes a 38 gêneros e 24 famílias. As famílias mais representadas foram Lamiaceae, com 8 espécies, e Asteraceae, com 6 espécies. O levantamento revelou que a coleção é formada por 28 espécies exóticas e 16 nativas do Brasil. As espécies têm como origem a Europa, Ásia, África, Índia, Oriente e América do Sul e Central. A maioria das espécies nativas ocorrem na Amazônia. Com relação às atribuições etnobotânicas das espécies da coleção do Jardim Botânico do Recife, o maior número de espécies possui indicação para o tratamento de doenças relacionadas ao aparelho respiratório e digestivo. Todas as espécies possuem mais de uma indicação terapêutica. As plantas da coleção medicinal apresentaram maior indicação etnobotânica para doenças no aparelho respiratório e digestivo. Este resultado é similar aos resultados encontrados nos trabalhos realizados no Brasil e na América Latina, o que indica uma tendência para indicações de uso no conhecimento tradicional, no que se refere à utilização de plantas medicinais. Plantas que apresentam estas indicações podem ser as mais adequadas para a produção e comercialização, por possuírem grande aceitabilidade em meio à população em geral.

Palabras clave:

botânica aplicada, etnobotânica, Jardim Botânico do Recife, plantas medicinais

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Biografía del autor/a

George A L Cabral, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Bacharel em Ciências Biológicas, UFRPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Jefferson R Maciel, Jardim Botânico do Recife

Analista e Pesquisador do Jardim Botânico do Recife, JBR.

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Cómo citar

Cabral, G. A. L., & Maciel, J. R. (2011). Levantamento etnobotânico da coleção de plantas medicinais do Jardim Botânico do Recife, PE. Natureza Online, 9(3), 146–151. Recuperado a partir de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/355