Variação morfológica em Marmosa murina (Mammalia: Didelphidae) no Espírito Santo e Sul da Bahia, Brasil

Autores/as

  • Luiz Fernando A Dadalto Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo
  • Vilacio Caldara Jr Universidade Federal do Espírito Santo

Resumen

O gênero Marmosa Gray, 1821 compreende um grupo de pequenos marsupiais neotropicais conhecidos popularmente como cuícas, com cauda longa preênsil e mancha enegrecida ao redor dos olhos. A última revisão taxonômica do gênero, baseada em dados morfológicos, reconheceu 14 espécies de Marmosa, dentre estas Marmosa murina. A espécie apresenta uma distribuição que se estende pela Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Amapá, Roraima, Norte do Amazonas, centro e leste do Brasil, indo até o Espírito Santo. O presente trabalho teve como objetivo identificar se há ocorrência de padrões de variação morfológica, morfométrica e dimorfismo sexual entre exemplares de M. murina provenientes de localidades do Espírito Santo e Sul da Bahia. Foram examinados espécimes provenientes da coleção de Mamíferos da Universidade Federal do Espírito Santo e do Museu de Biologia Professor Mello Leitão. As localidades de coleta foram divididas em principais e secundárias. Os exemplares foram classificados em sete classes etárias baseadas no estado de erupção e desgaste dos dentes da maxila. Para a realização das análises morfológicas, foram analisadas diversas estruturas do crânio e pelagem a fim de se detectar possíveis variações entre os exemplares. Foram obtidas 21 medidas crânio-dentárias (19 do crânio e dois da mandíbula) que foram submetidas à análises estatísticas uni e multivariadas. As localidades de Viana, Conceição da Barra e Sul da Bahia foram consideradas principais, pois, além de possuírem mais de cinco exemplares de ambos os sexos, são distantes entre si ou estão separadas por barreiras geográficas. Foram analisados 82 indivíduos adultos, sendo 47 machos e 35 fêmeas. Foram identificados 15 caracteres morfológicos variáveis, sendo 11 cranianos e quatro da pelagem. Os caracteres morfológicos não apresentaram padrão geográfico aparente, simplesmente foram encontrados estados de caracteres mais comuns na maioria das localidades. Em relação à variação morfométrica, todos os testes revelaram haver diferenças significativas entre as médias da maioria das variáveis quando comparadas entre machos e fêmeas, indicando que há dimorfismo sexual de tamanho, sendo os machos maiores. Comparando a variação morfométrica entre exemplares de mesmo sexo, não houve diferenças significativas entre as médias das variáveis, indicando que não há diferenças de tamanho entre indivíduos do mesmo sexo ao longo das localidades. Portanto, conclui-se que M. murina apresenta acentuado dimorfismo sexual de tamanho, mas as populações do Espírito Santo e Sul da Bahia não apresentam variação morfológica e morfométrica discreta.

Palabras clave:

Mata Atlântica, marsupiais, morfologia, variação morfométrica, dimorfismo sexual

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Biografía del autor/a

Luiz Fernando A Dadalto, Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo

Graduação em Ciências Biológicas. Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo.

Vilacio Caldara Jr, Universidade Federal do Espírito Santo

Programa de Pós Graduação em Biologia Animal. Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Biologia.

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Cómo citar

Dadalto, L. F. A., & Caldara Jr, V. (2013). Variação morfológica em Marmosa murina (Mammalia: Didelphidae) no Espírito Santo e Sul da Bahia, Brasil. Natureza Online, 11(1), 35–46. Recuperado a partir de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/240