Distribuição espacial e seleção de hábitat por anfíbios anuros em Mata Atlântica sobre a formação Barreiras no sudeste do Brasil
Resumen
Algumas plantas acumulam água das chuvas formando microambientes a serem usados pelos anfíbios. Espécies de anuros bromelígenas usam essas plantas para fins reprodutivos, enquanto que anuros bromelícolas usam para refúgio ou forrageio. A distribuição desses animais de forma agrupada, somado às possíveis divergências entre plantas ocupadas e desocupadas podem trazer evidências de seleção do hábitat. Caso exista uma seleção, essa pode estar relacionada com o peso dos animais, sob a hipótese de machos mais pesados defenderem plantas mais complexas. Esse comportamento pode ser mais observado nas bromelígenas, uma vez que defendem sítios reprodutivos. O presente trabalho objetiva estudar o padrão da distribuição espacial da comunidade de anfíbios na ocupação de plantas, testar diferenças no número de folhas e axilas entre plantas ocupadas e desocupadas por Phyllodytes luteolus, além da relação entre essas variáveis e o peso dessa bromelígena. Sob a hipótese nula da distribuição ser aleatória ou uniforme, não haver diferenças entre plantas ocupadas e desocupadas e não haver relação entre peso, número de folhas e axilas com água.Os anfíbios foram amostrados em uma na área da Reserva Natural Vale (RNV), Linhares-ES. Onde foi confeccionado um plano cartesiano na área e através da busca ativa e auditiva os animais foram localizados e referenciados nas respectivas plantas em que habitavam, as quais também foram contabilizadas e identificadas. Foram registradas quatro espécies de anfíbios (Phyllodytes luteolus, Scinax alter, Scinax argyreornatus e Trachycephalus mesophaeus ) e cinco espécies de plantas contendo água na RNV. A distribuição de Poisson (I) diferiu entre os anfíbios.Três apresentaram distribuição agrupada e apenas S. argyreornatus, distribuição perto do aleatório. De acordo com o teste χ², a ocupação de S. alter foi proporcional à abundância das plantas. Phyllodytes luteolus foi a única bromelígena encontrada e, de acordo com teste t, ocupou plantas com organografia mais complexas, embora, como demonstrado na correlação (rs), essa ocupação não foi correlacionada ao peso dos animais. A seleção de plantas não foi aleatória e há divergências na preferência das espécies, o que pode manter a coexistência da comunidade. A escolha de uma organografia mais complexa pode influenciar positivamente na sobrevivência e sucesso reprodutivos de P. luteolus.
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