Riqueza, composição florística, estrutura e formas biológicas de macrófitas aquáticas em reservatórios do semiárido nordestino, Brasil

Autores/as

  • João Henrique Ferreira Sabino Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • Elielton da Silva Araújo Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • Vinicius Messas Cotarelli Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • José Alves de Siqueira Filho Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • Maria Jaciane de Almeida Campelo Universidade Federal do Vale do São Francisco

Resumen

O presente estudo objetivou avaliar a riqueza, composição florística e formas biológicas das macrófitas aquáticas em reservatórios do semiárido nordestino, assim como a interferência do pulso de inundação na comunidade da flora aquática no reservatório de Itaparica. Foram realizadas coletas de material botânico fértil, no período de setembro de 2011 a junho de 2013, em seis reservatórios do semiárido nordestino, a saber: Bagres (Custódia/PE), Copiti (Custódia/PE), Moxotó (Sertânia/PE), Poço da Cruz (Ibimirim/PE), Poções (Monteiro/PB) e Itaparica (Petrolândia/PE). As espécies foram categorizadas quanto às formas biológicas por meio da proposta de Irgang et al. (1984). Quanto ao comportamento das espécies ao fluxo de inundação foi realizado um levantamento fitossociológico no reservatório de Itaparica. Nessa análise foram estabelecidos três transectos georreferenciados em fevereiro, julho e dezembro de 2012, em posição perpendicular a margem, cada um com 20 m de comprimento. Posteriormente, foi lançada de dois em dois metros uma parcela de 0,50 x 0,50 m, logo cada transecto apresentava 10 parcelas, totalizando 30 parcelas em cada período avaliado. O levantamento florístico registrou 79 táxons, 65 gêneros, distribuídos em 32 famílias. As famílias mais representativas foram Cyperaceae e Fabaceae, ambas com oito táxons (10,1%), seguidas por Asteraceae, Plantaginaceae e Poaceae com seis espécies, cada uma (7,6%). Os gêneros mais representativos foram Heteranthera e Polygonum com três espécies, cada uma. As formas biológicas mais comuns foram anfíbias com 59 espécies (74,7%) e emergentes, com 09 espécies (11,4%). Foi observado um grande número de macrófitas aquáticas consideradas ruderais (31), representando 39,2% da riqueza total de espécies. O Lago de Itaparica apresentou a maior riqueza, (36 espécies), seguido de Poções e Poço da Cruz (28 e 27 espécies, respectivamente). Poço da Cruz e Poções apresentaram elevada similaridade (0,44), enquanto que Itaparica e Copiti possuíram a menor taxa (0,06). A espécie Tarenaya spinosa (Cleomaceae) foi a única macrófita aquática encontrada em todos os reservatórios inventariados. Com base nas análises fitossociológicas, nota-se que houve pouca interferência do pulso de inundação na frequência das espécies. Além disso, foram encontradas diferenças nos reservatórios entre os períodos de inundação avaliados (p < 0,05), quanto à abundância de indivíduos, cobertura e riqueza de macrófitas aquáticas.

Palabras clave:

comunidades vegetais, ecossistemas aquáticos, caatinga

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Biografía del autor/a

João Henrique Ferreira Sabino, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, Campus Ciências Agrárias,

Elielton da Silva Araújo, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, Campus Ciências Agrárias.

Vinicius Messas Cotarelli, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, Campus Ciências Agrárias.

José Alves de Siqueira Filho, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, Campus Ciências Agrárias.

Maria Jaciane de Almeida Campelo, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, Campus Ciências Agrárias.

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Cómo citar

Sabino, J. H. F., Araújo, E. da S., Cotarelli, V. M., Siqueira Filho, J. A. de, & Campelo, M. J. de A. (2015). Riqueza, composição florística, estrutura e formas biológicas de macrófitas aquáticas em reservatórios do semiárido nordestino, Brasil. Natureza Online, 13(4), 185–194. Recuperado a partir de https://naturezaonline.com.br/revista/article/view/169