Mamíferos não-voadores do Monumento Natural Grota do Angico, nordeste do Brasil: uma abordagem complementar para pequenas espécies
Abstract
Caatinga brasileira é a região semiárida mais densamente povoada do planeta. Apesar disso, a biota e os processos ecológicos locais são pouco conhecidos. A biota do estado de Sergipe também é pouco conhecida, embora metade do mesmo seja re-coberto por Caatinga, atualmente com cerca de 10% de remanescentes florestais. Em busca de melhor compreender a comunidade de mamíferos da Caatinga de Sergipe, no presente estudo, inventariou-se a fauna de mamíferos não-voadores (principalmente pequenas espécies) da área protegida semiárida Monumento Natural Grota do Angico (GANM; 2.138 ha), entre janeiro e dezembro de 2010. Os dados foram coletados através de observações diretas, registros de vestígios (fezes e pegadas), relatos de informantes locais, e armadilhagem (amadilhas de queda, tipo Sherman e Tomahawk), em cinco dias a cada mês, avaliando a eficiência de amostragem e estimando a riqueza de espécies utilizando a curva de acumulação de espécies e o estimador Jackknife 1, respectivamente. Foram registradas 16 espécie que representam 11 famílias e cinco ordens. Rodentia (n = 6) foi a ordem mais representativa, seguida por Carnívora (n = 5), e Didelphimorphia (n = 3), com uma única espécie registrada apenas por informantes locais (Hydrochoerus hydrochaeris). As ordens Cingulata e Primates contabilizaram apenas uma espécie cada. Com sete espécies capturadas, o estimador (Jack 1, 8.8±1.8) não indicou diferença entre as capturas e o potencial de riqueza. Os relatos da ocorrência de mamíferos de médio/grande porte no passado recente (e.g., Pecari, Dasypus, Sylvilagus, Galictis, e Dasyprocta) indicam provável ex-tinção local em decorrência da pressão de caça e/ ou redução/fragmentação de habitat. Em uma abordagem geral, a GANM atualmente tem 20 espécies de mamíferos, enquanto a Caatinga de Sergipe conta com um total de 31 espécies de mamíferos. Apesar da ausência das espécies de maior porte e de alguns predadores, os resultados ressaltam a importância do GANM na conservação da fauna local e dos ecossistemas da região, contribuindo para a compreensão da diversidade de mamíferos na Caatinga de Sergipe.
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