Estrutura da vegetação arbustivo-herbácea de um afloramento rochoso da ilha de Vitória, Espírito Santo, sudeste do Brasil
Resumo
A vegetação sobre rocha usualmente comportam fisionomias com características marcadamente diferentes da vegetação em seu entorno. Os estudos atuais contam com maior número de locais do interior do Brasil e em regiões de grandes cadeias montanhosas. Porém, as informações sobre a vegetação de afloramentos rochosos litorâneos ainda são escassas. Em Vitória, ES, foi escolhido o Morro da Gamela para estudo do componente arbustivo-herbáceo. A florística foi realizada através de coletas de plantas em caminhadas assistemáticas na área. A estrutura foi determinada pela aplicação de 64 pontos quadrantes em linhas sistematicamente estabelecidas, segundo as curvas de nível. O critério de inclusão de indivíduos na amostragem foi o de enraizamento, com um diâmetro mínimo de 0,2 cm no nível do solo sobre rocha. Além do diâmetro, foi medida também a altura. Dos indivíduos, foram coletados ramos férteis para a identificação botânica. Para a nomenclatura oficial, foi adotado o APGIII. O componente arbustivo-herbáceo apresentou 31 espécies, das quais 12 foram incluídas na amostragem para determinação da estrutura, sem evidenciar estratificação. O índice de riqueza de táxons de Whittaker foi 2,267. O índice de diversidade de Shannon-Weaver foi 1,345 nats/ ind e a equidade, 0,541. A família de maior riqueza de espécies foi Bromeliaceae. A espécie de maior importância para descrição da estrutura foi Vellozia plicata Mart., seguida de Coleochephalocereus fluminensis (Miq.) Britton e Rose, Alcantarea glaziouana Leme e Dyckia fosteriana L. Juntas, as espécies citadas respondem por 90,26% do valor de importância dentre as espécies utilizadas para determinação da estrutura. A. glaziouana aparece pela primeira vez em uma listagem para o Espírito Santo e Pseudolaelia vellozicola (Hoehne) Porto e Brade está na entre as espécies ameaçadas de extinção, o que reforça a importância desta área para a conservação.
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